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O Tempo

Cantigas Tradicionais

                         “A minha aldeia…”
-Lá longe já se ouvem passos de alguém a caminhar e as nossas gentes a cantar...





Corro
Como alegre cotovia
Que desperta a luz do dia
Com sua voz de cristal
Foram sempre as raparigas
Com suas orações e cantigas
Deram alma a Portugal (bis)
         I
Nas manhãs de primavera
Quando tudo esta a espera
Da luz do sol criador
Por entre cravos e rosas
Sempre alegres, e radiosas
Lutam, e cantam com amor  
     
 Introdução 

«A minha aldeia é um jardim,
Onde há perfume jasmim
Tem um sabor divinal
E trago-o aqui dentro do peito
Como um sonho insatisfeito
De quem ama Portugal.
Há nele a par da beleza
A mais bela singeleza,
Que Deus espalhou no mundo
Seu aroma é sedutor
Seu coração é sonhador
E seu amor é profundo.
A gente da minha terra
Reza a e canta com harmonia
E dando as mãos uns aos outros
Trabalham com alegria.»

 - E assim amanheceu e já se ouvem ao longe as alegres canções das raparigas.

         Corro
Lá vem aurora, lá vem, lá vem
Por trás da serra toda contente
A dar abraços, a dar beijinhos
A fazer carrinhos a toda agente
         I
Minha terra não tem rosas
Já secaram as roseiras
As rosas da minha terra
São as raparigas solteiras
II
Ont`à noite à meia-noite
Ouvi cantar, e chorei
Mocidade que vai embora
E, nunca mais ninguém a vê

-Tudo lhes serve de pretexto para manifestarem a sua alegria. Agora é a chinela o tema da dança.


         I
Que é da minha chinelinha
Que para mim tem valor,
Não ma percam, vejam lá
Quem ma deu, foi meu amor. (bis)
         Corro
A minha chinelinha
Bate aqui, bate acolá
Faz lembrar uma cantiga
Tra, lá, lá, lá, lá. (bis)
         II
A chinelinha encarnada
Sofre martírios na dança,
Foge do pé não se perde
Corre a gente e não se cansa. (bis)

-Sentados a meio da manhã, comem o pequeno-almoço ou como-se dizia em tempos de outrora “ta-se a comer uma bucha”, mas mesmo assim em vez de descansarem um pouco, cantam sempre sem cessar.

         Corro
À sombra da cana
Me`eu hei-de assentar
Ó meu lírio roxo
É só par te amar, flor em botão
Ó meu lírio roxo, do meu coração
         I
Não me ames que eu sou pobre
Tua mãe fica zangada
Arranja outra mais rica
Sou pobre não tenho nada
         II
Esta rua tem pedrinhas
Esta rua pedras tem
Hei-de as mandar tirar
Ou por ti ou por alguém
         III
Os amores quando se encontram
Mete pena, e dá gosto
Coração com coração
Sobe-lhe a pena ao rosto

-O nosso povo sempre foi muito a alegre. Por isso as ceifas ou as vindimas não decorriam sem que uma canção fosse entoada e partilhada.

         Corro
Ó minha mãe é tão linda
É tão linda deixa-me ir (bis)
Á cegada do plaino
Eu vou e torno a vir (bis)
Tu vais e tornas a vir
Ó filha viras ou não (bis
A cegada do plaino
É a tua perdição (bis)
         I       
Menina não se namore
A rapaz que pisca o olho (bis)
Por cima se cega o pão
Por baixo fica o restolho (bis)
         II
Menina não se namore
A homem casado, é perigo (bis)
Namora só o solteiro
Que possa casar contigo (bis)


-Na hora da sesta as moças aproveitam a hora do descanso para dançar o vira.

         I
O vira da minha terra
É dança que delira
Anda a gente ás viravoltas
Sem saber para onde vira (bis)
         Corro
Perdi o meu par
Alguém o roubou (bis)
De tanto girar não sei onde estou
         II
Pelas nossas romarias
Desde o nascer ao sol pôr,
Anda a gente as viravoltas
E tudo baila em redor! (bis)
         Corro
Meu amor dá voltas
Saltita e revira (bis)
Não percas o passo
Nas voltas do vira


-Antigamente não havia água em casa por isso a fonte era relicário das suas recordações. E sempre lembradas nas suas canções.


         Corro
Cantarinhas, feitas do barro mais belo
De Estremoz ou Barcelos
E de desenhos antigos
Cantarinhas, transportadas com jeitinho
Embaladas de mansinho nos braços das raparigas (bis)
         I
Nasce a água lá na monte
Cristalina e bem fresquinha
Corre, corre, e cai na fonte
Vai encher a cantarinha
         II
E depois em seu lidar
Vai regar cravos e rosas
Vai ainda refrescar
Suas bocas sequiosas

-Como da para ver a qualquer hora do dia todos cantam e bailam com alegria. Até mesmo quando se picam apanhar castanhas pelo tempo do são Martinho.

         Corro
 Encadeia, meu encadeado
Não me aperta a mão
Que me esta o braço (bis)
Encadeia dá-me um beijinho
Encadeia dá-me um abraço. (bis)
         I
Eu passei numa terra estranha
Pedi uma esmola, ninguém m`a deu (bis)
Eu hei-de deixar escrito
Que à fome ninguém morreu. (bis)
         II
A folha da castanheira
Tem biquinhos como a renda
São como os rapazes de agora
Não há quem os entenda
         III
As moças da minha terra
Não valem nem um tostão
Só sabem namorar
Todas à beira do portão

-E já tarde quando regressam do campo ainda têm disposição para rir e cantar, e por tudo a dançar.

         Corro
Vimos do campo
Nossa canção
Dar vida alegre
Dar vida alegre ao coração. (bis)
         I
Não trocava por nenhuma
Esta vida de alegria
Põe-se o sol, mas na minha alma
Nasce o sol em cada dia
         II
Quando a morte enfim vier
Hei-de morre a cantar,
Que a campa seja a seara
Donde vimos trabalhar

-Nisto a tarde adormece tranquilamente. E na igreja começam a tocar trindades.

         Corro
Trindades, trindades
O sino anuncia
E nascem saudades
Ao findar o dia
O sino a tocar
Na linda igrejinha
Convida a rezar
Ao vir a tardinha
         I
No céu devagar
Desfilam-se estrelas
São contas singelas
Perdidas no altar
Por entre folhagem
A lua caminha
Rosário de contas
Com salve rainhas (bis)

Final

- Para terminar
Espero que da minha aldeia
Tenham gostado
Espero que tenham gostado
Deste pequeno lugar
Onde a noite a lua cheia
Anda perdida a sonhar
E toda a beleza ela encerra
Afinal nela se encontra
A alma de Portugal
Alma deste nosso país
Sem igual
Corro
A minha aldeia é um jardim
Onde canta o rouxinol
Quando chega a primavera
Do nascer ao pôr-do-sol. (bis)
         (+ 1vez)

Quem visitar a minha aldeia
Traz de saudades a alma cheia (bis)

Quem visitar tal canteiro
Como ele não há igual
Tem aspecto tão risonho
Não há outro em Portugal. (bis)
         (+1vez)

(Obs. Estas são algumas das Cantigas Tradicionais não só daqui de Porto da Nave mas também de toda esta zona das famosas “Terras do Demo” assim batizados pelo ilustre Aquilino Ribeiro, sendo que algumas destas cantigas também se podem ouvir um pouco por toda  Beira Alta.)

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